sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Vestibular (Ferreira Gullar)

Paulo Roberto Parreiras
desapareceu de casa
trajava calças cinza e camisa branca
e tinha dezesseis anos.
Parecia com teu filho, teu irmão,
teu sobrinho, parecia
com o filho do vizinho
mas não era. Era Paulo
Roberto Parreiras
que não passou no vestibular

Recebeu a notícia quinta-feira à tarde,
ficou triste
e sumiu.
De vergonha? De raiva?
Paulo Roberto estudou
dura duramente
durante os últimos meses.
Deixou de lado os discos,
o cinema,
até a namoradinha ficou sem vê-lo.
Nem soube do carnaval.
Se ele fez bem ou mal
não sei: queria
passar no vestibular.
Não passou. Não basta
estudar?

Paulo Roberto Parreira
a quem nunca vi mais gordo,
onde quer que você esteja
fique certo
de que estamos do seu lado.
Sei que isso é muito pouco
para quem estudou tanto
e não foi classificado (pois não há mais
excedentes), mas
é o que lhe posso oferecer: minha palavra
de amigo
desconhecido.
Nessa mesma quinta-feira
em Nova York morreu
um menino de treze anos que tomava entorpecentes.
em S.Paulo, outro garoto
foi preso roubando carros.
E há muitos que somem
ou surgem como cometas ardendo em sangue, nestas noites,
nestas tardes,
nesses dias amargos.

Não sei pra onde você foi
nem o que pretende fazer
nem posso dizer que volte
para casa,
estude (mais?) e tente outra vez.
Não tenho nenhum poder,
nada posso assegurar.
Tudo que posso dizer-lhe
é que a gente não foge
da vida,
é que não adianta fugir.
Nem adianta endoidar.
Tudo o que posso dizer-lhe
é que você tem o direito de estudar.
É justa sua revolta:
seu outro vestibular.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cuando los angeles lloran...



"No começo pensei que estava lutando para salvar seringueiras,depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica.Agora eu percebo que estou lutando pela humanidade." (Chico Mendes - 1944-1988)


Quando esquecemos nossos heróis e abandamos a sua causa, nós os matamos mais uma vez. Precisamos que estrangeiros mais conscientes que nós façam músicas por eles enquanto idolatramos nossos atores e modelos com seus corpos bem modelados esculpidos. Quem dera o corpo fustigado e massacrado dos que morreram pela nossa dignidade fosse a nossa motivação.





Cuando los angeles lloran - Maná

Chico Méndez lo mataron
era un defensor y un ángel
de toda la Amazonía
El murió a sangre fría
lo sabía Color de Melo
y también la policía

Cuando los ángeles lloran
lluvia cae sobre la aldea
lluvia sobre el campanario
alguien murió...

Un ángel cayó
un ángel murió
un ángel se fue
y no volverá

Cuando el asesino huía
Chico Méndez se moría
la selva se ahogaba en llanto
El dejó dos lindos críos
una esposa valerosa
y una selva en agonía.

Cuando los ángeles lloran
es por cada árbol que muere
cada estrella que se apaga
oh...no...noo..!!!

Un ángel cayó
un ángel murió
un ángel se fue
y no volverá
Un ángel cayó
un ángel murió
un ángel se fue
se fue volando en madrugada

Cuando los ángeles lloran
Cuando los ángeles lloran
lloverá
Cuando los ángeles lloran
Cuando los ángeles lloran
lloverá

Geração coca light.




"Somos os filhos da revolução. Somos burgueses sem religião. Somos o futuro da nação. Geração Coca-Cola..." (Geração Coca-cola - Legião urbana)

Ninguém percebeu tão bem quanto o Renato o drama da juventude brasileira. Somos revolucionários sem causa. Como soldados de exércitos pacíficos. Legionários de uma Roma que já caiu. Olhamos para o passado e invejamos o que viveram antes de nós. Ditadura militar, 1968, Diretas Já. E nós? O que fizemos? Qual foi a nossa luta?

Nas últimas décadas nós nos despolitizamos. Esquerda e direita agora são só direções diferentes e nem essas sabemos escolher. Democracia, república, tirania, socialismo, ufanismo, sabemos, sim, na teoria que o vestibular pede, mas quem precisa da prática? Aliás, vestibular, me parece, é o único grande desafio da nossa juventude. A ação política fica para os poucos elitizados que dirigem seus carrões pelas nossas avenidas matando o pouco que resta desse nosso sentimento de orgulho juvenil.

Enquanto o país lastima os confrontos entre estudantes e policiais na USP, eu assisto atônito. Um foco, enfim, de consciência. Um pouco de esperança de que nosso mundo não se resuma a baladas, bebida e música alta. Não precisamos de motivos para engajamento. Já os temos de sobra, enquanto nobres senadores pisam em nossa dignidade com seus votos secretos. Só nos falta a coragem de sermos um pouco mais autênticos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Emily Bear



Emily Bear, a garotinha do vídeo, tem seis anos e todas as músicas tocadas são suas próprias composições.

Algumas pessoas tem essa estranha mania de criticar o que é genial. Como se o talento e capacidade fora do comum de outros fossem os espelhos que revelam sua mediocridade. É exatamente essa genialidade que me faz gostar de viver. São os chiaroscuros de Rembrandt, a perspectiva de Brunelleschi, a serenidade de Wagner, a voluptuosidade de Dali que me encantam, mas acima de tudo, são as Emilies Bears as que mais admiro. Elas fazem a arte parecer mais humana, mais pessoal, mais íntima. Arte ingênua, inocente, arte pela arte, enfim.

"It comes from my heart, I guess" (Emily Bears)

Vendas e vexames


Já me disseram, não lembro a ocasião, que a justiça é vendada para que não faça distinção entre os homens, fazendo valer o princípio da isonomia. Isso soa bastante idílico agora. Há pouco mais de um ano, um amigo e ex-colega de escola dirigia seu carro pelo centro da cidade, acompanhado de um amigo. Alcoolizado, atravessou um cruzamento em alta velocidade e acabou atingindo outro carro e uma moto, matando seu amigo e a ocupante da moto. O caso teve muita repercusão na cidade, o motorista foi preso em flagrante e indiciado por duplo homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco da atitude perigosa.
Há poucos dias, aliás, soube que seu advogado já teve três pedidos de Habeas Corpus recusados pela justiça e que agora apela em outras instâncias. Um ano. Sem data definida para o julgamento, que vai a juri popular e sem Habeas Corpus. Por outro lado, há pouco mais de um mês, um jovem, até então Deputado Estadual, dirigindo em alta velocidade com a sua habilitação suspensa por ter alcançado 130 pontos em infrações, alcoolizado com 4 vezes a quantidade de álcool no sangue permitida por lei, atravessa outro cruzamento e mata violentamente outros dois jovens que nada tinham com sua irresponsabilidade.
A história se repete. Ou nem tanto. O ex-deputado também foi indiciado por duplo homicídio com dolo eventual. Mas agora leio na Gazeta do Povo que "o indiciamento não significa necessariamente que o suspeito será preso". E de fato ainda não foi. Leio também, com vergonha confessa, sobre o depoimento do ex-deputado e de sua aparente falta de memória sobre o dia do acidente (eu também não gostaria de lembrar).
Muita água ainda vai rolar, enfim, e termino o texto com essa sensação de que a justiça não será feita como se esperava. Fico também com a sensação de que, em breve, poderei contar com a representação do deputado, mais uma vez, na câmara, como se nada tivesse acontecido. Vamos continuar aceitando tudo isso como normal, votando nas mesmas pessoas e sofrendo as consequências. Afinal, no país da impunidade, já roubaram a venda da justiça e a colocaram sobre nossos próprios olhos.


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mozart e Bond

Um pouco de humor (de qualidade) para não parecer sério demais.


Igudesman and Joo

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Religiosos atrasados


Não gosto de pseudointelectuais. Já deixei claro. Gosto menos ainda daqueles que têm essa mania irritante de criticar religião como se fosse o monstro social que degenera a sociedade. Citam Nietszche, Voltaire e Marx de cabeça, mas deixam de lado o bom senso e apelam para aquele outro comum. Mentalidade tacanha, obscurantista, ceticismo cego. Ignoram propositadamente que religião, religiosidade e instituições político-religiosas, algumas mais políticas do que religiosas, de fato, não são a mesma coisa. Limitam-se em criar estereótipos , em colocar tudo dentro de um mesmo saco, enfim, o saco das suas visões embaçadas e curtas. Vivem em um mundo onde padres são pedófilos e pastores são ladrões. Vivem a paranóia da oposição completa entre racionalidade e religiosidade, achando sempre que as duas podem ser dissociadas.
Passei o dia pensando no assunto, lembrando que as religiões cristãs, predominantes no mundo ocidental, são responsáveis pela regeneração da quase totalidade de detentos que participam de seus projetos voluntários nas prisões. Lembrei da infinidade de orfanatos, albergues projetos em favelas, pastorais da sobriedade, da criança. Não lembrei, entretanto, de ter visto qualquer alternativa semelhante em nome da racionalidade cega.
Por outro lado, também lembrei que a ADRA* (uma agência de caráter humanitário pertencente a uma denominação evangélica) auxilia, anualmete, cerca de 25 milhões de pessoas de mais de 190 países, destinando cerca de 200 milhões de dólares anuais ao desenvolvimento da educação, saúde, alimentação e bem-estar social, além de milhões de toneladas em doações de roupas, remédios e alimentos. Tudo em nome, quem diria, da religião. Também não consegui tirar da cabeça a imagem daquela velhinha carismática, Agnes Bojaxhiu, criadora da organização "Missionárias da Caridade" em Calcutá na Índia. Não esqueço que aquela mulher franzina, em nome da religião, recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1979, usando TODO o dinheiro (aproximadamente 1 milhão de dólares) na manutenção de seus projetos humanitários. Em nome, mais uma vez, desse mal da humanidade, a religião. Não pude, enfim, esquecer que as igrejas cristãs ocidentais são as grandes culpadas pela recuperação de psicodependentes, pela restauração de famílias destruídas e pela propagação efetiva de valores humanos.
Enfim, é por causa desses religiosos "de mentalidade atrasada", pessoas que "insistem em viver de fantasias no século XXI", é por eles que milhões de pessoas têm o que comer, o que vestir, onde dormir e é por elas, e só por elas, que nos resta uma gota da esperança de que um dia o mundo poderá ser um lugar mais justo de se viver.


*A ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) recebeu em 1997 o status de Consultora Geral da ONU pelo seu modelo exemplar de assistência social e atuou ativamente ao lado da cruz vermelha nas guerras do Afeganistão e Iraque.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fugas nostálgicas

Ando pensando na razão de sermos tão ligados ao nosso passado. Por que somos tão nostálgicos? A memória pode ser uma lixeira, mas insistimos em dar uma limpadinha no que parece prestar e trazemos à tona nossas glórias não vividas. As mentiras que ficaram enterradas agora ganham ares de verdades imortais. Os canalhas que já se foram ontem, são nossos heróis de hoje e tudo o que não era melhor que o de hoje, hoje é o que toma lugar do que será o melhor que o do amanhã. Confuso? Nada. Somos esses passados. Somos o que fizemos e mesmo o que nem perto passamos de fazer. Mas quem saberá? Afinal, o passado não pode ser corrigido tanto quanto não deve ser julgado. Isso nos dá um álibi de vasculharmos os entulhos do que se foi e trazer o que convém à tona pintado com uma tinta brilhante e dourada de sabedoria. Tenho ouvido discos de vinil como se o som fosse melhor que os mp-números de tamanhos infinitamente pequenos. Tenho lido os clássicos, com a licença de ignorar o que se escreve de bom hoje. Tenho ouvido os clássicos. Não pelo ar cult que tudo isso exala. Não sou tão piegas. O psudo-intelectualismo me incomoda e aqueles óculos de armação grossa não ficam bem em mim. É só essa sensação aliviadora e que me faz admirar o que há de bom no que se foi. Todo esse ar de nostalgia, de ufanismo que me permite a ilusão de que o mundo já foi um pouco melhor. Enfim, cansado do mundo? Fuja para o passado, volte quando achar suficiente e necessário, mas volte. Afinal, você vive o passado dos seus filhos. Não deve ser tão ruim assim.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O grito


Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.
(Edward Munch)


É assustador perceber que o desaparecimento do avião da Air France tenha causado tanta repercusão internacional. El país, Le monde, Folha de São Paulo, Washington Post, The Sun, amanhã todos terão estampados em suas primeiras páginas a tragédia da semana. Alguns até com encartes especiais sobre o possível acidente. Tudo isso enquanto a tira insignificante que noticia o seqüestro de 400 estudantes por militantes do Taliban no Paquistão, que se lê hoje, talvez já tenha desaparecido.

Também é assustador lembrar que os traços do nacionalismo romântico que nos levou ao pior século da humanidade permanecem vivos na sociedade e na cultura ocidentais. Milhões morrendo na África, atentados terroristas no Oriente Médio, atentados a mesquitas no Irã, homens bomba, mísseis em escolas da Caxemira e não é problema nosso O que é pior: quando lembramos que pessoas morrem na África, o conformismo-confortável leva a dizer que a África sempre foi assim. Mentira! Não é a África que é assim, é a nossa arrogância pútrida ocidental. Nosso ocidente-centrismo imundo, irracional que nos faz melhores do que os que morrem de fome. Mas quem mandou nasceram na África? Tanto país na Europa ou na América. Ainda mais trágico é aceitar as desculpas que damos. Não é problema nosso porque não devemos realmente pertencer a uma mesma espécie. Não somos mesmo iguais como se imaginava. Alguns são menos humanos.

Mas, sim, o desaparecimento do avião da Air France é triste. É um momento de drama para as famílias. Mas não digam que é para o país, ou para os países. Calem-se os governantes que se auto-promovem com a desgraça.

Talvez alguém faça sobre isso um sensacionalismo emotivo barato que nos faça derramar lágrimas falsas que usamos para nos enganar, fingindo sermos melhores e preocupados, condolentes, humanos. Do contrário nos contentamos em assistir pela curiosidade nefasta de contar os mortos, nossa sede de tragédias. Não de tragédias na África, nem no Paquistão, essas não nos incomodam mais, mas de ocidentais burgueses Euro-americanos.

Meus acordes alheios

Para quem gosta dos clássicos...

Prelúdio de Tristan und Isolde de Wagner - condução de Zubin Meht à Orquestra do Estado da Bavária (Bayerisches Staatsorchester)

domingo, 31 de maio de 2009

Meus versos alheios


Fragmentos de Metal contra as nuvens (R.M.J.)

[...]

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

Tudo passa. Tudo passará...

...

pontos finais... ou novos começos


Logo eu que não entendia o mundo, comecei a sondar seus segredos insondáveis quando meus olhos viram o enredo da história. Não história separadas como em uma biblioteca de livros egoístas que falam cada um de si, implorando por clemência para que suas verdades medíocres se façam conhecidas. Já fui um livro egoísta. Egoísta e incoerente. Não pela falta de coesão nem por todos esses problemas gramaticais, mas por não reconhecer que são esses os volumes que usam, na falta de conserto, em mesas balançantes. Livros egoístas que não têm histórias completas. Suas páginas estão lá. Todas elas. Mas o que são se outras páginas não contam sua história? Livros altruístas são lidos. Emprestados, não daqueles na estante, completamente empoeirados, pelas traças devorados. Bons livros não tem um mundo próprio, como contos irreais em que heróis e princesas são tão imaginários quanto suas verdades gritando para que sejam ouvidas, mas que aos ouvidos de leitores sensatos não passam de mentiras ruidosas, sem sentido. Livros, livres, enfim, são os que se libertam por se reconhecer além da individualidade vulgar e encontrar em seus pares a continuação de sua história.


"Quando me vi
Tendo de viver
Comigo apenas
E com o mundo.
Você me veio
como um sonho bom.
E me assustei
Não sou perfeito.

Eu não esqueço
A riqueza que nós temos.
Ninguém consegue perceber.
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito,
Tive medo
E não consegui dormir.
(Teatro dos Vampiros - R.M.J.)

Pra saber que ela é sua


Sempre pintei dias perfeitos
com as cores claras,
com presentes inusitados
de um destino altruísta.
Pensei dias felizes, completos.
Amores exatos,
pelo próprio tempo inalcançáveis.
Dias sem dores,
cheios de flores
de perfumes, sabores

Quem dera soubesse,
na minha vã inocência,
deste mundo a demência
em derrubar o planos,
mesmo que insanos
de quem sonha com a vida.
Deixei de ser o que era.
Não me perdi, confesso,
na cegueira do pessimismo,
ou na prisão do egoísmo.
O mundo é o mesmo.
A moldura é a mesma,
mudou a pintura.
Continua bela,
mas agora revela,
em traços finos, acidentais,
sentimentos tristes,
que de tão inesperados
nem parecem reais.

Mas é pequena, te digo
essa realidade voraz
de esperas que não acabam,
de dores que desabam
quando tudo o que resta
parece cinza demais.
Pouco se nota
desse vermelho de dor
que tomou conta sem pena
do que era rosa no amor.

Mas não julgues saber,
prezado leitor
de tudo o que leste,
o que o autor quis dizer.
Não houve mentiras, prometo.
Somente as verdades.
Verdades que pintei
Na alvura da tela
com essa tinta aquarela
de quem vê o que é belo
onde não existe beleza.
De quem tem a certeza
de que agora a cor
que se apaga com o tempo
sobrevive ao momento.
Muito mais que essa flor,
que na verdade pintei,
por não saber do amor.

Perdi, enfim,
meus desenhos de criança
e o mundo idílico
em que outrora vivera.
Mas ganhei a esperança
de que os quadros reais,
permaneçam por mais
na passageira lembrança
de humanos mortais.

Meus versos alheios

Canção da américa (Milton Nascimento)

Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi.
Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
com o seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou,
com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa pra se guardar
do lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam não
Mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois seja o que vier
Venha o que vier

Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Obrigado,

São quase 100 acessos em 5 dias de existência.
Você me motivam a continuar escrevendo minhas bobagens.

Daniel (prometo que logo encontro o pseudônimo que pediram)

Você acredita em Deus?


Tenho certeza que muita gente vai torcer o nariz com o texto de hoje. Algumas pessoas têm me perguntado em que creio. Estranhei na primeira vez em que uma delas mostrou um pouco de desapontamento dizendo: "O que?! Você não é ateu? Você escreve um blog intelectual, todo instrospectivo e acredita em Deus?" Achei engraçado o "blog intelectual", mas não, não sou nem intelectual muito menos ateu.

Mas, enfim, façamos de conta que essa humilde coluna fosse um blog intelectual. Agora, quem foi que inventou essa estupidez de que Deus não combina com intelecto, com raciocínio, com inteligência. Claro está, não nego, que a religião cega imbeciliza o ser humano e, se acredito em Deus, acredito que a vontade dele deve passar longe desse tipo de crença irracional. Mas, do outro lado da moeda, a opção em um ateísmo cego parece ser tão irracional quanto a primeira. Incluo aqui o ateísmo por modismo (Richard Dawkins, Daniel Dennet e seus seguidores que o digam), o ateísmo intelectualóide (esse particularmente é o que mais me irrita) e, finalmente, o ateísmo fundamentalista. Todos três "pecam", que irônico, em seus fundamentos.

Os que seguem o primeiro o fazem por falta de leitura, de conhecimento de mundo, por ignorância, enfim. Os do segundo tipo são reconhecidos pelas besteiras que fazem relacionando, por exemplo, teísmo com a religião deturpada da Idade Média. Tentam mostrar que têm um conhecimento profundo do que estão falando, mas são excessivamente superficiais em seus convenções. Por último, aqueles fundamentalistas são os religiosos do ateísmo, que querem a todo custo convencê-lo a também ser um ateu.

Todos os três tipos participam do problema que, particularmente, penso ser o mais grave do ateísmo: a contradição da fé ateísta. Criticam com veemência o argumento da crença em Deus, pela fé, (sim nós cremos pela fé), mas afirmam com a mesma certeza que Deus não existe. (Sim, ateísmo é a negação determinista de Deus). Exercem, portanto, a fé na não-existência de Deus, lançando mão de uma premissa teísta para provar... o ateísmo. É isso que me faz criticar tanto o essa forma de pensamento e admirar, por outro lado, o agnosticismo. Agnósticos, embora não acreditem em Deus pela fé, jamais negarão a sua existência. Por quê? Porque ela não pode ser provada experimentalmente*, tanto quanto sua não-existência.

Por fim, creio porque é a minha crença a fonte da esperança que tenho de que a humanidade não se resuma a essa animalidade instintiva e inescrupulosa que leva-nos constatemente à beira do caos.

*A questão da prova é ainda mais complexa. A metafísica deve se submeter aos critérios empíricos da ciência? Assunto para outra ocasião.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Que país é este?


Acabei de reassistir a uma entrevista do Zeca Camargo, de quando ele ainda trabalhava na MTV, com o Renato Russo, em 1993. Lembrei das críticas que já ouvi sobre as músicas da Legião Urbana, sobre as letras, mais precisamente. Sempre batem na mesma tecla: a música é depressiva. O que não percebem é que não dá pra ser feliz e conformado o tempo todo.

Claro que há músicas extremamente positivas na discografia da Legião, e eu até arrisco dizer que são a maioria. Mas alguns discos foram gravados em momentos problemáticos e expressavam de uma forma bastante realista o que acontecia com a sociedade. Renato achava, e ele diz isso nessa entrevista, que se só cantasse sobre coisas boas, seria muito irreal. Mas é isso que algumas pessoas fazem. Não perceber o que acontece com o mundo, ou pelo menos não ser afetado por isso, é brincar de viver no céu, fechar os olhos para o sofrimento e fazer de conta que está tudo bem.

E aí vêm a televisão e os jornais que insistem em banalizar toda essa violência, e nos acostumamos com crianças jogadas de prédios, com chacinas de meninos, com pais abusando de filhos, fome, miséria e destruição sem sentido. Tenho, então, a impressão de que o nosso senso de escândalo é medido em número de mortos ou em brutalidade. Só nós chama a atenção se é fora do comum, como 500 pessoas morrendo em um suicídio coletivo ou quando a filha decide matar os pais com a ajuda do namorado. E o pior, nossa medida aumenta: o que nos impressiona hoje, é banal amanhã, como se tivessemos essa sede pela tragédia nos coliseus particulares da nossa mentalidade doente.

Os séculos XIX e XX, enfim, deveriam ser os século de ouro para o mundo. Havia uma ansiedade para se saber se todos aqueles ideais que conquistamos com o iluminismo e com a revolução francesa teriam algum efeito. Era para vermos séculos de paz e de segurança, mas o que era nacionalismo romântico tornou-se em causa das aberrações que vimos em duas guerras mundias e mais de dois mil conflitos mortais que até agora vemos com naturalidade pelas lentes da CNN e do Jornal Nacional. Foi assim no XX e não se espera mais nada diferente no XXI.

Eu sei que também serei rotulado de pessimista. Sou pessimista se pessimismo for negar a insanidade da lucidez cega. A vida tem o que é belo aprendo a apreciá-lo. Mas não digam que por causa disso devo vendar os meus olhos.

Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?" (R.M.J.)


*Termino com a melhor música escrita pelo Renato, na minha humilde e leiga opinião:
Para assistir a um vídeo com a música, clique aqui.

Perfeição
(Comp. Renato Manfredini Jr.)

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões...

Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação.

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião.

Vamos celebrar Eros e Tanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por faltade hospitais.

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros.

Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração.

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja
A intolerância a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção.

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Metalinguístico

Tentei escrever alguma coisa. Sem inspiração. Escrevi e apaguei dois textos. Talvez apague este também. Aliás, escrever é engraçado. Mas é desafiador. É instigante. É essa luta constante, travada na alma, para expressar sentimentos escondidos nos cantos do ser, lá no fundo, onde os poetas chamam âmago. Escrever provoca isso. Escrevo e fico nu. Minhas vergonhas, minhas glórias, desafetos, vitórias. A liberdade de rimar quando não pode, sobre assuntos banais, essas vontades do nada, todas triviais. Verdades que a ninguém importa, que a ninguém cativa, mas que não deixam de ser esse pedaço visceral que arranco de mim todos os dias e coloco à mostra, que causam afeto, nojo, raiva, pena, tudo misturado em de um caldeirão fervente e bebido em copos de novidade ou naquelas velhas xícaras da monotonia costumeira.
Não fique preocupado se em algum momento não entender nada do que escrevi. É proposital. A compreensão precisa ser encontrada além de onde chega o entendimento. Ou talvez nem exista compreensão e sejam só palavras vomitadas à mercê dos caprichos de uma mente inconstante que passa seus dias vagando à beira dos abismos da insanidade. Palavras fora do contexto, que viram pretexto para escrever, só escrever, como quem manda uma carta vazia.

E o que eu faço com esses sonhos?

Faxina de emoções?

- Achei uma caixa cheia de esperança aqui.
- Funciona?
- Acho que não. Parece quebrada.
- Jogue fora, então.
- Talvez se desse uma limpada...
- Jogue fora. Isso não deve valer muito.
- Mas...
- Tá vendo? É por isso que não gosto de fazer faxina com você. Sempre querendo guardar tudo.
- Já joguei. Sem estresse. E todo esse conhecimento que você tá arrumando aí?
- Não sei. Talvez sirva pra alguma coisa. Mas tem tanta coisa inútil aqui.
- Achei mais uma caixa. É grande. E tá cheia.
- Que tem aí dentro?
- Uhm... Quero ver. Um pouco de mágoa, Rancor, Algumas intolerâncias... Olha só! Aquela melancolia que eu tava procurando há tanto tempo. Parece que ainda me serve. O que eu faço com tudo isso?
- Guarda. Não dá pra perder isso aí. Mas guarda em um lugar fácil onde eu possa encontrar...
Coloca ali, perto da ganância e do egoísmo. Ali na estante...
- Pronto!
- Quase tudo arrumado.
- Só mais essa gaveta velha. O que eu faço com todos esses sonhos?
- Guarda. Quando acabar a caixa da da estante, talvez dê pra consertar.

Não tão belo quanto verdadeiro...


Não me fale de músicas,
De olhos verdes, de dúvidas.
Não me conte seus sonhos
Seus motivos, seus planos
seus pensamentos insanos.
Não são mais que lapsos
de passado e memória
de fatos, fotos, de história.
Não fale em viagens
Saudades,
paraísos e imagens
Já não lembro.
Não me fale de nós
Não lamente a ausência
Porque mesmo a sua voz
de tristeza e carência
faz renascer na essência
num coração tão ferido,
o pensamento perdido
de um amor tão atroz.

Não diga nada,
não fale de nós.

domingo, 24 de maio de 2009

Amor em três letras

Realidade romance,
dinâmica, destemperada.
Rudimentar. Ríspida.
Daquela dos desejos
amada.
Adoecida.

Rapidamente ruindo-se.
Desilusão da dor.
Restam reações raras
Dúvidas dormentes,
antecipadas,
alteradas.

Rosas revoltas.
despedaçadas de dúvida.
Reais? Raras. Recolhidas
de despedidas desculpadas.
Abnegadas
Absolvidas

Restam rancorosas
desilusões devidas.
Renascerá relutante.
Do desprezo devolvido,
abatida,
aliás, agradecida.

Memória, memórias, memória

Tenho refletido bastante sobre o que somos. Ainda mais, sobre o que faz sermos o que somos, o que nos diferencia. Não acredito em alma. Não acredito em espírito. Mas também não acredito só na animalidade do instinto. Acredito na memória. É ela que determina o que se faz e o que se diz. E talvez seja ela que nos faça parecidos com Deus.

Logo, de todas as doenças que me assustam, Alzhaimer é a pior. Não mata o corpo, faz padecer a personalidade, enquanto a consciência continua, uma morte lenta do que se já foi, torturante, agonizante, até um pouco exuberante, como que ironizando a própria vida.

Se pudesse mesmo ser clonado, com o cérero e tudo, ainda seria eu? Ou seria outro para o eu e eu para outros. É estranho pensar, é mesmo estranho que possamos ter consciência de que somos. É estranho ter consciência da própria consciência. É estranho e admirável. É assustador mas é até um pouco... afável. Cuide mais, então, de sua mente, esqueça seu corpo, não muito, nem por muito tempo, você ainda precisa dele. Mas guarde o que importa. Esqueça o que perturba.

Cultive o caráter, cultive a personalidade. Construa-se! A vida parece curta demais para aproveitar todas as possibilidades de crescer, de descobrir, de sentir, aproveite, então, algumas. A velhice é ilusória, é o fim, do corpo, mas enquanto houver memória, a vida continua lá, até que ela mesma desfaleça.

Covardia...

Era tarde, quase três de uma madrugada congelante. Congelante e enfadonha. O estudante, desgastado pelo cansaço, já fechava seus olhos meio que sem querer. As letras pareciam cada vez mais distantes, fugindo de onde as pudesse alcançar e os livros pesados em suas mãos tremulantes caiam espontaneamente sobre seu colo em intervalos de um estado letárgico entre o sono e a consciência.

Como que de imediato, viu-se em um lugar diferente. Vestia roupas estranhas. Paredes de pedras, frias, davam ao lugar um ar lúgubre. Um portão sombrio, mas que de tão curiosa cena era o mais misteriosamente convidativo. Logo descobriu que dava para um labirinto. Não era tão difícil, mas preocupou-se o novo herói e amarrou ao corpo um novelo de lã que desenrolava a cada passo caminhado na penumbra.

A história não era desconhecida. Enchia agora o peito com seu ar de Teseu destemido. Sentia aproximar-se uma respiração profunda e quente. As luzes de chamas que ardiam próximas ao monstro já podiam ser vistas aos poucos. Fogueiras de certo, muitas fogueiras, ou quem sabe uma só, uma que desse conta de esquentar uma abominação tão grande. O medo toma conta do que fora heroísmo. Tremores que começavam da ponta de seus pés, vestidos naqueles calçados estranhos, aliás, como eram mesmo estranhos, subiam até a última ponta de seus fios de cabelo, cabelos compridos, agora. Decide voltar. Enrolava o novelo mas o monstro parecia já perceber o intruso.

Corria a passos largos quando caiu. Os olhos fechados com a queda agora se abrem novamente sobre os livros. Era um sonho, sim, mas sabe-se lá por que o medo não passou. O alívio que desperto de outros pesadelos conhecera não vinha. Lembra-se do vestibular, tão logo. Precisa estudar. Volta-se aos livros e pensa: "Quem precisa de mais um Minotauro?". Pena não lhe terem dado o novelo.


A pressa de um novo ENEM

Estamos diante de uma revolução no Ensino Brasileiro, é fato. Só não sabemos se para melhor ou pior. O certo é que, pelo menos, é de se desconfiar do afoitismo do Ministério da Educação (MEC) e, diga-se de passagem, do Ministro Fernando Haddad, em colocar em prática o vestibular nacional unificado. Como já foi publicado em inúmeros jornais e revistas, coloco em questão alguns dos mesmos pontos sobre o novo ENEM.

Em primeiro lugar, a falta de planejamento. Não me parecem muito claros os objetivos do ministro. Dizem respeito somente à qualidade da educação brasileira? Por que a pressa em aplicar o novo modelo de provas? Ainda veremos as motivações reais do MEC, ou do próprio ministro. Motivações que não ficaram claras para ninguém até agora.

Um segundo ponto: é inquestionável que estudantes saindo de suas casas para morar fora de seu estado seja algo positivo. O ministro insiste em afirmar que menos de 1% dos atuais universitários brasileiros vivem essa realidade. Mas esse não é o problema. Está mais do que claro que é necessário e é positivo para o crescimento do país. O que preocupa é que o novo vestibular será mais um desafogador do Ensino no Sul-Sudeste do que um sistema de democratização do ensino. É utópico imaginar que estudantes de estados mais pobres por exemplo, tenham as mesmas condições de concorrer às mesmas vagas com estudantes de cursinhos renomados das capitais de estados mais ricos e que proporcionam melhores condições de ensino aos seus alunos. E logo, a infinidade de alunos muito melhor capacitados desses grandes centros, que mesmo tendo uma média superior à de alunos ingressantes de outros estados, ainda assim não conseguirem sua vaga na universidades mais conceituadas, vão se dispersar pelo pais.

Diz-se que tomarão as vagas dos alunos locais. Não concordo. As vagas são públicas, abertas a todos. Mas não há como esconder que essa massa de alunos prejudicados pela precariedade do ensino onde nasceram não terão as mesmas condições e oportunidades de concorrência, o que não parece muito justo à primeira vista. E tudo isso pode levar a uma cascata de alunos descendo para cursos menos concorridos e as elites de educação privada ocupando uma fatia ainda maior do que é ocupada com o método atual.

O nível dos alunos do Ensino Superior, é quase certo, melhorará tanto quanto a capacidade intelectual dos profissionais que serão formados. Mas volto a insistir, o governo precisa de um plano bem estabelecido para que o ensino seja nivelado, e nivelado por cima, e não por baixo, como se cogitou fazer reduzindo o nível das avaliações de ingresso.

Não são questões sem respostas. Algumas poucas articulações deixariam tudo mais claro. Concordo, talvez pela primeira vez, com o ministro Haddad. É, sim, necessário que se unifique o processo nacional de forma a estimular a qualidade no ensino nacional, mas a pressa e a falta de planejamento são dispensáveis nesse caso.

Pra início de conversa...

Nasce um novo Blog. E à 1h37min da manhã, seu primeiro post. A idéia agora é diferente. Quem já estava acostumado com meus textos sempre "monotemáticos e monótonos", agora pode esperar por algo um pouco diferente. O Devaneismo, que mantém esse nome estranho até que melhor seja encontrado, será uma miscelânia de assuntos. De política ao esporte. De ciência à religião. Nada que seja superoriginal, nem mesmo uma forma surpreendentemente inovadora de enxergar o mundo. É o mesmo autor, com as mesmas palavras e mas mesmas manias. Só mudam os assuntos. É uma coluna, enfim. Coluna de gente não famosa que escreve para ninguém. A coluna que me permite escapar um pouco da estagnação que é ser sempre o mesmo. Aliás, é exatamente a possibilidade de ser que eu não sou, ou de não ser quem eu sou, que motiva a escrever. Esperem, que coisas boas virão.