segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cuando los angeles lloran...



"No começo pensei que estava lutando para salvar seringueiras,depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica.Agora eu percebo que estou lutando pela humanidade." (Chico Mendes - 1944-1988)


Quando esquecemos nossos heróis e abandamos a sua causa, nós os matamos mais uma vez. Precisamos que estrangeiros mais conscientes que nós façam músicas por eles enquanto idolatramos nossos atores e modelos com seus corpos bem modelados esculpidos. Quem dera o corpo fustigado e massacrado dos que morreram pela nossa dignidade fosse a nossa motivação.





Cuando los angeles lloran - Maná

Chico Méndez lo mataron
era un defensor y un ángel
de toda la Amazonía
El murió a sangre fría
lo sabía Color de Melo
y también la policía

Cuando los ángeles lloran
lluvia cae sobre la aldea
lluvia sobre el campanario
alguien murió...

Un ángel cayó
un ángel murió
un ángel se fue
y no volverá

Cuando el asesino huía
Chico Méndez se moría
la selva se ahogaba en llanto
El dejó dos lindos críos
una esposa valerosa
y una selva en agonía.

Cuando los ángeles lloran
es por cada árbol que muere
cada estrella que se apaga
oh...no...noo..!!!

Un ángel cayó
un ángel murió
un ángel se fue
y no volverá
Un ángel cayó
un ángel murió
un ángel se fue
se fue volando en madrugada

Cuando los ángeles lloran
Cuando los ángeles lloran
lloverá
Cuando los ángeles lloran
Cuando los ángeles lloran
lloverá

Geração coca light.




"Somos os filhos da revolução. Somos burgueses sem religião. Somos o futuro da nação. Geração Coca-Cola..." (Geração Coca-cola - Legião urbana)

Ninguém percebeu tão bem quanto o Renato o drama da juventude brasileira. Somos revolucionários sem causa. Como soldados de exércitos pacíficos. Legionários de uma Roma que já caiu. Olhamos para o passado e invejamos o que viveram antes de nós. Ditadura militar, 1968, Diretas Já. E nós? O que fizemos? Qual foi a nossa luta?

Nas últimas décadas nós nos despolitizamos. Esquerda e direita agora são só direções diferentes e nem essas sabemos escolher. Democracia, república, tirania, socialismo, ufanismo, sabemos, sim, na teoria que o vestibular pede, mas quem precisa da prática? Aliás, vestibular, me parece, é o único grande desafio da nossa juventude. A ação política fica para os poucos elitizados que dirigem seus carrões pelas nossas avenidas matando o pouco que resta desse nosso sentimento de orgulho juvenil.

Enquanto o país lastima os confrontos entre estudantes e policiais na USP, eu assisto atônito. Um foco, enfim, de consciência. Um pouco de esperança de que nosso mundo não se resuma a baladas, bebida e música alta. Não precisamos de motivos para engajamento. Já os temos de sobra, enquanto nobres senadores pisam em nossa dignidade com seus votos secretos. Só nos falta a coragem de sermos um pouco mais autênticos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Emily Bear



Emily Bear, a garotinha do vídeo, tem seis anos e todas as músicas tocadas são suas próprias composições.

Algumas pessoas tem essa estranha mania de criticar o que é genial. Como se o talento e capacidade fora do comum de outros fossem os espelhos que revelam sua mediocridade. É exatamente essa genialidade que me faz gostar de viver. São os chiaroscuros de Rembrandt, a perspectiva de Brunelleschi, a serenidade de Wagner, a voluptuosidade de Dali que me encantam, mas acima de tudo, são as Emilies Bears as que mais admiro. Elas fazem a arte parecer mais humana, mais pessoal, mais íntima. Arte ingênua, inocente, arte pela arte, enfim.

"It comes from my heart, I guess" (Emily Bears)

Vendas e vexames


Já me disseram, não lembro a ocasião, que a justiça é vendada para que não faça distinção entre os homens, fazendo valer o princípio da isonomia. Isso soa bastante idílico agora. Há pouco mais de um ano, um amigo e ex-colega de escola dirigia seu carro pelo centro da cidade, acompanhado de um amigo. Alcoolizado, atravessou um cruzamento em alta velocidade e acabou atingindo outro carro e uma moto, matando seu amigo e a ocupante da moto. O caso teve muita repercusão na cidade, o motorista foi preso em flagrante e indiciado por duplo homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco da atitude perigosa.
Há poucos dias, aliás, soube que seu advogado já teve três pedidos de Habeas Corpus recusados pela justiça e que agora apela em outras instâncias. Um ano. Sem data definida para o julgamento, que vai a juri popular e sem Habeas Corpus. Por outro lado, há pouco mais de um mês, um jovem, até então Deputado Estadual, dirigindo em alta velocidade com a sua habilitação suspensa por ter alcançado 130 pontos em infrações, alcoolizado com 4 vezes a quantidade de álcool no sangue permitida por lei, atravessa outro cruzamento e mata violentamente outros dois jovens que nada tinham com sua irresponsabilidade.
A história se repete. Ou nem tanto. O ex-deputado também foi indiciado por duplo homicídio com dolo eventual. Mas agora leio na Gazeta do Povo que "o indiciamento não significa necessariamente que o suspeito será preso". E de fato ainda não foi. Leio também, com vergonha confessa, sobre o depoimento do ex-deputado e de sua aparente falta de memória sobre o dia do acidente (eu também não gostaria de lembrar).
Muita água ainda vai rolar, enfim, e termino o texto com essa sensação de que a justiça não será feita como se esperava. Fico também com a sensação de que, em breve, poderei contar com a representação do deputado, mais uma vez, na câmara, como se nada tivesse acontecido. Vamos continuar aceitando tudo isso como normal, votando nas mesmas pessoas e sofrendo as consequências. Afinal, no país da impunidade, já roubaram a venda da justiça e a colocaram sobre nossos próprios olhos.


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mozart e Bond

Um pouco de humor (de qualidade) para não parecer sério demais.


Igudesman and Joo

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Religiosos atrasados


Não gosto de pseudointelectuais. Já deixei claro. Gosto menos ainda daqueles que têm essa mania irritante de criticar religião como se fosse o monstro social que degenera a sociedade. Citam Nietszche, Voltaire e Marx de cabeça, mas deixam de lado o bom senso e apelam para aquele outro comum. Mentalidade tacanha, obscurantista, ceticismo cego. Ignoram propositadamente que religião, religiosidade e instituições político-religiosas, algumas mais políticas do que religiosas, de fato, não são a mesma coisa. Limitam-se em criar estereótipos , em colocar tudo dentro de um mesmo saco, enfim, o saco das suas visões embaçadas e curtas. Vivem em um mundo onde padres são pedófilos e pastores são ladrões. Vivem a paranóia da oposição completa entre racionalidade e religiosidade, achando sempre que as duas podem ser dissociadas.
Passei o dia pensando no assunto, lembrando que as religiões cristãs, predominantes no mundo ocidental, são responsáveis pela regeneração da quase totalidade de detentos que participam de seus projetos voluntários nas prisões. Lembrei da infinidade de orfanatos, albergues projetos em favelas, pastorais da sobriedade, da criança. Não lembrei, entretanto, de ter visto qualquer alternativa semelhante em nome da racionalidade cega.
Por outro lado, também lembrei que a ADRA* (uma agência de caráter humanitário pertencente a uma denominação evangélica) auxilia, anualmete, cerca de 25 milhões de pessoas de mais de 190 países, destinando cerca de 200 milhões de dólares anuais ao desenvolvimento da educação, saúde, alimentação e bem-estar social, além de milhões de toneladas em doações de roupas, remédios e alimentos. Tudo em nome, quem diria, da religião. Também não consegui tirar da cabeça a imagem daquela velhinha carismática, Agnes Bojaxhiu, criadora da organização "Missionárias da Caridade" em Calcutá na Índia. Não esqueço que aquela mulher franzina, em nome da religião, recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1979, usando TODO o dinheiro (aproximadamente 1 milhão de dólares) na manutenção de seus projetos humanitários. Em nome, mais uma vez, desse mal da humanidade, a religião. Não pude, enfim, esquecer que as igrejas cristãs ocidentais são as grandes culpadas pela recuperação de psicodependentes, pela restauração de famílias destruídas e pela propagação efetiva de valores humanos.
Enfim, é por causa desses religiosos "de mentalidade atrasada", pessoas que "insistem em viver de fantasias no século XXI", é por eles que milhões de pessoas têm o que comer, o que vestir, onde dormir e é por elas, e só por elas, que nos resta uma gota da esperança de que um dia o mundo poderá ser um lugar mais justo de se viver.


*A ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) recebeu em 1997 o status de Consultora Geral da ONU pelo seu modelo exemplar de assistência social e atuou ativamente ao lado da cruz vermelha nas guerras do Afeganistão e Iraque.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fugas nostálgicas

Ando pensando na razão de sermos tão ligados ao nosso passado. Por que somos tão nostálgicos? A memória pode ser uma lixeira, mas insistimos em dar uma limpadinha no que parece prestar e trazemos à tona nossas glórias não vividas. As mentiras que ficaram enterradas agora ganham ares de verdades imortais. Os canalhas que já se foram ontem, são nossos heróis de hoje e tudo o que não era melhor que o de hoje, hoje é o que toma lugar do que será o melhor que o do amanhã. Confuso? Nada. Somos esses passados. Somos o que fizemos e mesmo o que nem perto passamos de fazer. Mas quem saberá? Afinal, o passado não pode ser corrigido tanto quanto não deve ser julgado. Isso nos dá um álibi de vasculharmos os entulhos do que se foi e trazer o que convém à tona pintado com uma tinta brilhante e dourada de sabedoria. Tenho ouvido discos de vinil como se o som fosse melhor que os mp-números de tamanhos infinitamente pequenos. Tenho lido os clássicos, com a licença de ignorar o que se escreve de bom hoje. Tenho ouvido os clássicos. Não pelo ar cult que tudo isso exala. Não sou tão piegas. O psudo-intelectualismo me incomoda e aqueles óculos de armação grossa não ficam bem em mim. É só essa sensação aliviadora e que me faz admirar o que há de bom no que se foi. Todo esse ar de nostalgia, de ufanismo que me permite a ilusão de que o mundo já foi um pouco melhor. Enfim, cansado do mundo? Fuja para o passado, volte quando achar suficiente e necessário, mas volte. Afinal, você vive o passado dos seus filhos. Não deve ser tão ruim assim.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O grito


Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre a mureta– havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fjord e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.
(Edward Munch)


É assustador perceber que o desaparecimento do avião da Air France tenha causado tanta repercusão internacional. El país, Le monde, Folha de São Paulo, Washington Post, The Sun, amanhã todos terão estampados em suas primeiras páginas a tragédia da semana. Alguns até com encartes especiais sobre o possível acidente. Tudo isso enquanto a tira insignificante que noticia o seqüestro de 400 estudantes por militantes do Taliban no Paquistão, que se lê hoje, talvez já tenha desaparecido.

Também é assustador lembrar que os traços do nacionalismo romântico que nos levou ao pior século da humanidade permanecem vivos na sociedade e na cultura ocidentais. Milhões morrendo na África, atentados terroristas no Oriente Médio, atentados a mesquitas no Irã, homens bomba, mísseis em escolas da Caxemira e não é problema nosso O que é pior: quando lembramos que pessoas morrem na África, o conformismo-confortável leva a dizer que a África sempre foi assim. Mentira! Não é a África que é assim, é a nossa arrogância pútrida ocidental. Nosso ocidente-centrismo imundo, irracional que nos faz melhores do que os que morrem de fome. Mas quem mandou nasceram na África? Tanto país na Europa ou na América. Ainda mais trágico é aceitar as desculpas que damos. Não é problema nosso porque não devemos realmente pertencer a uma mesma espécie. Não somos mesmo iguais como se imaginava. Alguns são menos humanos.

Mas, sim, o desaparecimento do avião da Air France é triste. É um momento de drama para as famílias. Mas não digam que é para o país, ou para os países. Calem-se os governantes que se auto-promovem com a desgraça.

Talvez alguém faça sobre isso um sensacionalismo emotivo barato que nos faça derramar lágrimas falsas que usamos para nos enganar, fingindo sermos melhores e preocupados, condolentes, humanos. Do contrário nos contentamos em assistir pela curiosidade nefasta de contar os mortos, nossa sede de tragédias. Não de tragédias na África, nem no Paquistão, essas não nos incomodam mais, mas de ocidentais burgueses Euro-americanos.

Meus acordes alheios

Para quem gosta dos clássicos...

Prelúdio de Tristan und Isolde de Wagner - condução de Zubin Meht à Orquestra do Estado da Bavária (Bayerisches Staatsorchester)