Estamos diante de uma revolução no Ensino Brasileiro, é fato. Só não sabemos se para melhor ou pior. O certo é que, pelo menos, é de se desconfiar do afoitismo do Ministério da Educação (MEC) e, diga-se de passagem, do Ministro Fernando Haddad, em colocar em prática o vestibular nacional unificado. Como já foi publicado em inúmeros jornais e revistas, coloco em questão alguns dos mesmos pontos sobre o novo ENEM.
Em primeiro lugar, a falta de planejamento. Não me parecem muito claros os objetivos do ministro. Dizem respeito somente à qualidade da educação brasileira? Por que a pressa em aplicar o novo modelo de provas? Ainda veremos as motivações reais do MEC, ou do próprio ministro. Motivações que não ficaram claras para ninguém até agora.
Um segundo ponto: é inquestionável que estudantes saindo de suas casas para morar fora de seu estado seja algo positivo. O ministro insiste em afirmar que menos de 1% dos atuais universitários brasileiros vivem essa realidade. Mas esse não é o problema. Está mais do que claro que é necessário e é positivo para o crescimento do país. O que preocupa é que o novo vestibular será mais um desafogador do Ensino no Sul-Sudeste do que um sistema de democratização do ensino. É utópico imaginar que estudantes de estados mais pobres por exemplo, tenham as mesmas condições de concorrer às mesmas vagas com estudantes de cursinhos renomados das capitais de estados mais ricos e que proporcionam melhores condições de ensino aos seus alunos. E logo, a infinidade de alunos muito melhor capacitados desses grandes centros, que mesmo tendo uma média superior à de alunos ingressantes de outros estados, ainda assim não conseguirem sua vaga na universidades mais conceituadas, vão se dispersar pelo pais.
Diz-se que tomarão as vagas dos alunos locais. Não concordo. As vagas são públicas, abertas a todos. Mas não há como esconder que essa massa de alunos prejudicados pela precariedade do ensino onde nasceram não terão as mesmas condições e oportunidades de concorrência, o que não parece muito justo à primeira vista. E tudo isso pode levar a uma cascata de alunos descendo para cursos menos concorridos e as elites de educação privada ocupando uma fatia ainda maior do que é ocupada com o método atual.
O nível dos alunos do Ensino Superior, é quase certo, melhorará tanto quanto a capacidade intelectual dos profissionais que serão formados. Mas volto a insistir, o governo precisa de um plano bem estabelecido para que o ensino seja nivelado, e nivelado por cima, e não por baixo, como se cogitou fazer reduzindo o nível das avaliações de ingresso.
Não são questões sem respostas. Algumas poucas articulações deixariam tudo mais claro. Concordo, talvez pela primeira vez, com o ministro Haddad. É, sim, necessário que se unifique o processo nacional de forma a estimular a qualidade no ensino nacional, mas a pressa e a falta de planejamento são dispensáveis nesse caso.
Um comentário:
Adorei isso, nosso governo só está achando uma maneira de tardar o problema, e isso vira uma "bola de neve" cada vez maior. O que precisamos fazer, mais do que nunca, é lutar pela educação!
Parabéns Dani
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