domingo, 24 de maio de 2009

Covardia...

Era tarde, quase três de uma madrugada congelante. Congelante e enfadonha. O estudante, desgastado pelo cansaço, já fechava seus olhos meio que sem querer. As letras pareciam cada vez mais distantes, fugindo de onde as pudesse alcançar e os livros pesados em suas mãos tremulantes caiam espontaneamente sobre seu colo em intervalos de um estado letárgico entre o sono e a consciência.

Como que de imediato, viu-se em um lugar diferente. Vestia roupas estranhas. Paredes de pedras, frias, davam ao lugar um ar lúgubre. Um portão sombrio, mas que de tão curiosa cena era o mais misteriosamente convidativo. Logo descobriu que dava para um labirinto. Não era tão difícil, mas preocupou-se o novo herói e amarrou ao corpo um novelo de lã que desenrolava a cada passo caminhado na penumbra.

A história não era desconhecida. Enchia agora o peito com seu ar de Teseu destemido. Sentia aproximar-se uma respiração profunda e quente. As luzes de chamas que ardiam próximas ao monstro já podiam ser vistas aos poucos. Fogueiras de certo, muitas fogueiras, ou quem sabe uma só, uma que desse conta de esquentar uma abominação tão grande. O medo toma conta do que fora heroísmo. Tremores que começavam da ponta de seus pés, vestidos naqueles calçados estranhos, aliás, como eram mesmo estranhos, subiam até a última ponta de seus fios de cabelo, cabelos compridos, agora. Decide voltar. Enrolava o novelo mas o monstro parecia já perceber o intruso.

Corria a passos largos quando caiu. Os olhos fechados com a queda agora se abrem novamente sobre os livros. Era um sonho, sim, mas sabe-se lá por que o medo não passou. O alívio que desperto de outros pesadelos conhecera não vinha. Lembra-se do vestibular, tão logo. Precisa estudar. Volta-se aos livros e pensa: "Quem precisa de mais um Minotauro?". Pena não lhe terem dado o novelo.


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