domingo, 24 de maio de 2009

Memória, memórias, memória

Tenho refletido bastante sobre o que somos. Ainda mais, sobre o que faz sermos o que somos, o que nos diferencia. Não acredito em alma. Não acredito em espírito. Mas também não acredito só na animalidade do instinto. Acredito na memória. É ela que determina o que se faz e o que se diz. E talvez seja ela que nos faça parecidos com Deus.

Logo, de todas as doenças que me assustam, Alzhaimer é a pior. Não mata o corpo, faz padecer a personalidade, enquanto a consciência continua, uma morte lenta do que se já foi, torturante, agonizante, até um pouco exuberante, como que ironizando a própria vida.

Se pudesse mesmo ser clonado, com o cérero e tudo, ainda seria eu? Ou seria outro para o eu e eu para outros. É estranho pensar, é mesmo estranho que possamos ter consciência de que somos. É estranho ter consciência da própria consciência. É estranho e admirável. É assustador mas é até um pouco... afável. Cuide mais, então, de sua mente, esqueça seu corpo, não muito, nem por muito tempo, você ainda precisa dele. Mas guarde o que importa. Esqueça o que perturba.

Cultive o caráter, cultive a personalidade. Construa-se! A vida parece curta demais para aproveitar todas as possibilidades de crescer, de descobrir, de sentir, aproveite, então, algumas. A velhice é ilusória, é o fim, do corpo, mas enquanto houver memória, a vida continua lá, até que ela mesma desfaleça.

8 comentários:

alicegr disse...

Muito lindo esse texto. Saber quem somos nos ajuda a saber o que queremos??
bjus e boa semana

Daniel Cittadella disse...

Acho que sim...
Não deve ser muito fácil chegar em algum destino se não sabemos nem mesmo de onde partimos...
Vlw pela visita..
bjos

Maris Morgenstern disse...

metodo para evitar o alzaheimer segundo minha profe de didatica: MUDE!
ande sempre por ruas diferentes, mude o cabelo, leia primeiros os cartzses que estao embaixo na direita dos murais, leia coisas que nao tem nada a ver com vc, aprenda outra linguas, converse sobre assuntos que nao te sao concernentes, compre em lojas diferentes, visite novos sites...
enfim esteja em constante renovaçao, assim o cérebro nao acostuma com o que sempre é foi e será o mesmo.

Unknown disse...

Danii! :)
ADOREI o texto! Nossa, puraaaa realidade! mtoo dez! :D e curti um montao teu blog! :D
beijo! :*

Maria disse...

Meu Dani querido, que beleza de espaço. Gosto de suas palavras, que foram nosso elo de ligação, né? =D

A propósito: gostei do 'construa-se'. Cultivar o caráter é o melhor que podemos fazer por nós. E nós vamos fazer da melhor forma possível.

Beijos doces

Scheyla disse...

Como se fosse um prédio cheio de janelas com luzes acesas. Uma por uma é apagada. Lentamente, ou bruscamente. Sempre penso que não quero pensar em um dia passar por isso. Mas, ah, quem é que sabe o que será? Vamos indo, vivendo, relembrando, esquecendo. Até quando chegar.

Daniel Cittadella disse...

Mulheres mulheres... É por vocês que eu quero escrever!

Unknown disse...

Simplismente achei extraordinario, nunca tinha parado para pensar sobre a nossa memoria, e agora vi que o que voce escreveu faz todo o sentindo. (y)
adoreiii! ;D
beeijos :*