sexta-feira, 5 de junho de 2009

Religiosos atrasados


Não gosto de pseudointelectuais. Já deixei claro. Gosto menos ainda daqueles que têm essa mania irritante de criticar religião como se fosse o monstro social que degenera a sociedade. Citam Nietszche, Voltaire e Marx de cabeça, mas deixam de lado o bom senso e apelam para aquele outro comum. Mentalidade tacanha, obscurantista, ceticismo cego. Ignoram propositadamente que religião, religiosidade e instituições político-religiosas, algumas mais políticas do que religiosas, de fato, não são a mesma coisa. Limitam-se em criar estereótipos , em colocar tudo dentro de um mesmo saco, enfim, o saco das suas visões embaçadas e curtas. Vivem em um mundo onde padres são pedófilos e pastores são ladrões. Vivem a paranóia da oposição completa entre racionalidade e religiosidade, achando sempre que as duas podem ser dissociadas.
Passei o dia pensando no assunto, lembrando que as religiões cristãs, predominantes no mundo ocidental, são responsáveis pela regeneração da quase totalidade de detentos que participam de seus projetos voluntários nas prisões. Lembrei da infinidade de orfanatos, albergues projetos em favelas, pastorais da sobriedade, da criança. Não lembrei, entretanto, de ter visto qualquer alternativa semelhante em nome da racionalidade cega.
Por outro lado, também lembrei que a ADRA* (uma agência de caráter humanitário pertencente a uma denominação evangélica) auxilia, anualmete, cerca de 25 milhões de pessoas de mais de 190 países, destinando cerca de 200 milhões de dólares anuais ao desenvolvimento da educação, saúde, alimentação e bem-estar social, além de milhões de toneladas em doações de roupas, remédios e alimentos. Tudo em nome, quem diria, da religião. Também não consegui tirar da cabeça a imagem daquela velhinha carismática, Agnes Bojaxhiu, criadora da organização "Missionárias da Caridade" em Calcutá na Índia. Não esqueço que aquela mulher franzina, em nome da religião, recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1979, usando TODO o dinheiro (aproximadamente 1 milhão de dólares) na manutenção de seus projetos humanitários. Em nome, mais uma vez, desse mal da humanidade, a religião. Não pude, enfim, esquecer que as igrejas cristãs ocidentais são as grandes culpadas pela recuperação de psicodependentes, pela restauração de famílias destruídas e pela propagação efetiva de valores humanos.
Enfim, é por causa desses religiosos "de mentalidade atrasada", pessoas que "insistem em viver de fantasias no século XXI", é por eles que milhões de pessoas têm o que comer, o que vestir, onde dormir e é por elas, e só por elas, que nos resta uma gota da esperança de que um dia o mundo poderá ser um lugar mais justo de se viver.


*A ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) recebeu em 1997 o status de Consultora Geral da ONU pelo seu modelo exemplar de assistência social e atuou ativamente ao lado da cruz vermelha nas guerras do Afeganistão e Iraque.

2 comentários:

Maria disse...

Maravilhoso, Dani. Muito bom mesmo. E eu não sabia deste dado da ADRA, fiquei feliz =D

Meu beijo

Maris Morgenstern disse...

na verdade é simples assim: o que eu nao entendo eu nao gosto. e essa mentalidade pequena e pobre nao se limita à arte ou a ciencia, mas também aos valores humanos, entao quem nao entende como é possivel viver sem ser da propria dependencia, administrar um milhao de dólares sem desviar, recuperar dependentes, etc, nao gosta. e é aquele nao gosto de criança mesmo, nao gosto nao sei por que e vou falar mal. e me dá a bola q eu vou embora e a bola é minha...
poisé.
vejo nessa pessoas uma criança mimada dando sinais de que se escondeu ali todo esse tempo